As histórias em nossa cabeça

Faz tempo que eu não venho aqui….

Você já parou para pensar em quanta coisa está inacabada na sua cabeça? Como escritor, não falo nem dos projetos de contos, de roteiros, de poesias ou histórias curtas e longas. Falo mesmo das histórias que nós começamos a ler e a assistir. Esses dias de quarentena (Fique em casa!) me peguei pensando e resolvi fazer um levantamento das obras que estão em aberto e como a minha memória – na nossa, já lhe convido para fazer o mesmo exercício – é exigida.

Eu me lembro do tempo em que eu, na infância tardia, sabia o nome de todos os 151 pokémon (depois 250, depois parei) e era chamado de inteligente.

Muitas vezes, quando sai uma temporada nova ou vou iniciar o novo volume da trilogia eu me vejo totalmente perdido, sem saber de onde aquele personagem surgiu e quais os seus objetivos. Hoje eu já não sou tão inteligente quanto quando criança, hein.

Resolvi então compartilhar aqui a minha lista e convido vocês a fazerem o mesmo. Vocês vão se impressionar com o tamanho da sua mente e a quantidade de universos que cabem em sua cabeça (ainda que haja diversas civilizações perdidas no caminho)

Livros

  • Crônicas Saxônicas/do Guerreiro, Bernard Cornwell;
  • Fundação, Isaac Asimov;
  • Os Executores, Brandon Sanderson;
  • Os Senhores dos Dinossauros, Victor Milán;
  • Wild Cards, George Martin (org.);
  • As Crônicas de Gelo e Fogo, George Martin;
  • Araruama, Ian Frasier;
  • Magnus Chase, Rick Riordan;
  • A Lenda de Ruff Ghanor, Leonel Caldela;
  • A Trilogia dos Espinhos, Mark Lawrence;
  • Harry Potter, J.K. Rowlling;
  • O Conquistador, Conn Iggulden.

Quadrinhos

  • Boa Noite Punpun, Inio Asano;
  • A Rosa de Versalhes, Riyoko Ikeda;
  • Origin, Boiche;
  • Caçando Dragões, Taku Kuwabara;
  • Happiness, Shuzo Oshimi;
  • Bakemonogatari, Nisioisin & Oh!Great;
  • Jagaaaaaaan, Muneyuki Kaneshiro & Kensuke Nishida;
  • Atelier of Witch Hat, Kamone Shirahama;
  • Gigant, Hiroya Oku;
  • Golden Kamuy, Satoru Noda;
  • Batman: O Último Cavaleiro da Terra, Scott Snyder & Greg Capullo;
  • Shazam!, Geoff Johns & vários artistas
  • Batman: A Maldição do Cavaleiro Branco,
  • Astro City, Kurt Busiek & Brent Anderson & Alex Ross;
  • Pluto, Naoki Urasawa;
  • Brad Barron, Tito Faraci & vários artistas;
  • Lilith, Luca Enoch;
  • Fire Punch, Tatsuki Fujimoto.

Séries

  • Fire Force;
  • The Tick;
  • Viland Saga;
  • Clone Wars;
  • Humans;
  • Harley Quinn;
  • O Conto da Aia;
  • Norsemen;
  • iZombie;
  • Westworld;
  • Better Call Saul;
  • After Life;
  • The Last Kingdom;
  • Rick and Morty;
  • Archer;
  • The Mandalorian;
  • Big Mouth;
  • The Boys;
  • Dark;
  • Desencantamento;
  • His Dark Materials;
  • GLOW;
  • Infinity Train;
  • Boneca Russa;
  • Maravilhosa Senhora Maisel;
  • Fleabag;
  • Deuses Americanos;
  • Star Contra as Forças do Mal;
  • Final Space;
  • Magnifica 70;
  • Battlestar Galactica;
  • Years and Years.

Não adicionei aqui as séries documentais (Chef’s Table; Podre) e as procedurais (Love Death +Robots; Lore) ou antológicas (American Crime Story; American Horror Story), e nem as revistinhas mensais.

Espero voltar em breve. Até mais.

Bíblia combina com você?

Bíblia combina com você?

Já vou confessar na primeira linha: o título é uma provocação proposital.

A bíblia a que me refiro não é propriamente A Bíblia. Com B maiúsculo.

Falo de um recurso usado por produtores em projetos criativos, onde geralmente muitas pessoas estão envolvidas. Criar um personagem é complicado, mas e mantê-lo fiel? É nesse tipo de trabalho e com essa problemática que se torna necessário o uso de uma bíblia.

Uma bíblia nada mais é do que um texto de referência para consultas futuras.

Nela ficam arquivadas as características mais marcantes de um personagem. A sua essência. É uma ferramenta de consulta. Aqui alguns exemplos no site tertulianarrativa.com.

O assunto bíblia veio a minha mente quando eu li uma matéria recentemente veiculada sobre o personagem Will Byers. O site citava que a bíblia o definia como um garoto com uma sexualidade que não era bem encarada na década da série. No link anterior você também pode baixar a bíblia de Stranger Things e perceber que, além de traços da personalidade das personagens, a bíblia da série traz referências visuais.

Eu já conhecia o conceito. Em um podcast do Portal Deviante, o Spin de Notícias, a Jujuba (@jujubavi) uma vez deu uma verdadeira aula sobre o uso das bíblias na produção de uma animação, expertise da podcaster. Pelo que eu entendi do conceito que ela explicou, na bíblia você traz os mínimos detalhes de um personagem e como ele reage a diferentes interações. Não apenas por ser um livro que deva ser seguido a risca, o processo recebe o nome de bíblia também por causa do seu tamanho físico.

E o que um escritor de literatura tem a ver com isso?

Depende do tipo de escritor que você seja. Ou do tipo de obra em que você trabalha. Vou me usar como exemplo prático.

Fora-das-Leis é uma série onde pretendo envolver os mesmo personagens em contos e romances, quem sabe um podcast, e se a vida for muito boa, alguns quadrinhos. Pretendo escrever a série por uma bom tempo, tanto quanto Hergé e Tintim, ao menos. E entre um projeto e outro eu poderei ter uma lacuna improdutiva ou trabalhar em projetos não relacionados.

Então, se você é um escritor como eu, ou ainda, se você pretende escrever sagas gigantes em tempo/espaço e personagens como um certo George, uma bíblia quebraria o seu galho tanto quanto o meu.

Como lembrar que sua personagem é canhota ou tem fobia de ratos? Ou que são duas personagens diferentes? Meter o velho CTRL+F em todos aqueles PDF tentando não deixar escapar ou centralizar uma referência importante em um arquivo só?

Acho que você percebeu qual resposta eu tentei influenciar você.

Uma bíblia para o nosso caso pode ir desde um perfil resumido a uma extensa biografia. Nada exagerado ao ponto de se transformar em uma obra, claro.

Alguns aplicativos de escrita podem auxiliar a você. Não lembro o nome do que eu usei, mas havia uma seção de perguntas, várias abas separadas por assuntos, um verdadeiro dossiê para a personagem em forma de perguntas onde você pode responder. Medos, traumas, eventos notáveis, inimigos, cicatrizes, cidade natal, peso e altura, entre outros. Lembro que eu pulei muitas perguntas pois não eram essenciais para minha história e abandonei o aplicativo pelo simples fato de ele não trazer a opção de exportar os personagens criados para outros projetos, tendo que criar os novos perfis para cada projetos. Cheguei a sugerir ao design o acréscimo dessa opção para auxiliar os escritores de sagas, ele me respondeu agradecendo a sugestão e confirmando a sua utilidade, porém não cheguei a acompanhar a atualização.

Outros recursos bacanas que eu ouvi em um podcast (tô esquecido demais gente, desculpa, mas quase certeza de que foi no Curta Ficção) de um projeto de site na internet onde autores respondem a uma entrevista como se o entrevistado fossem suas personagens. Por favor amigos e amigas, caso vocês saibam do que site estou falando me ajudem a linkar aqui, não tive sucesso pelo google.

Esse esquema de entrevistas poderia ser útil para você também. Faça algumas perguntas e “envie” para as suas personagens principais. peça a opinião delas sobre outras, sobre certos temas tratados na história, etc.

E uma Wikia?

Olha, esse é o meu objetivo. Eu gosto muito de consultar wikis. Quase sempre busco o nome de uma personagem de TV ou livro seguido da palavra ‘wikia’ para conseguir acesso a essa base de dados organizada. Muitas vezes eu vou buscar informação para lembrar “Quem é esse cara?” e dou de cara com a informação “Status: Deceased”. Acontece. Só me resta fazer a cara do pikachu surpreso.

sohWhy9.jpg

Eu pretendo alimentar minha própria Wikia, vai servir tanto de consulta para mim quanto vai instigar os leitores a conhecer outras obras relacionadas. Pois o meu plano é um pouco peculiar: os contos não possuem ordem de leitura, então eu pretendo encher de referências na página para que a pessoa que leu um conta tome conhecimento dos outros. Não é legal?

Eu tinha ainda o objetivo de finalizar o texto com um exercício meu, então vi o contador de palavras e resolvi deixar o exercício para uma futura parte 2 sobre o tema.

Agradeço por ter lido até aqui, o que você acha de compartilhar suas experiências também? Nos vemos em breve.

Suicidas: O que aprendi com a obra de Lee Bermejo sobre premissas

Suicidas: O que aprendi com a obra de Lee Bermejo sobre premissas

Se você ouvir podcast sobre escrita e ler textos sobre técnicas literárias por tempo suficiente, irá se deparar com algumas máximas. Esteja livre para aplicá-las ou não. Eu já li e ouvi o suficiente para não lembrar por qual fonte eu tomei conhecimento da noção de que “Premissa ≠ História”. Se fosse para apostar uma grana eu colocaria no podcast Gente que Escreve, na época em que batiam papo Fábio Barreto e Rob Gordon.

Uma premissa é uma ideia. Um “e se”.

E se existissem dinossauros?

E se pudéssemos voltar no tempo?

E se tivéssemos superpoderes?

Você com certeza já deve ter tido uma ideia (muito boa, tenho certeza) e pensou: “isso daria um bom filme/livro/quadrinho/jogo/etc. Isso daria uma boa história.”

Mas provavelmente, a sua ideia era apenas uma premissa. E histórias são mais que apenas premissas. Os três exemplos que eu dei acima? Tenho certeza que você achou que dariam boas histórias, principalmente se você ligou as frases com obras de sucesso que chegaram a você.

Dinossauros? Eu estava falando de Jurassic Park ou Senhores dos Dinossauros?

Viagem no tempo? É O Fim da Eternidade, Dark ou De Volta Para O Futuro?

E superpoderes, é My Hero Academia, Wild Cards ou X-Men?

Vamos focar nos dinossauros. As duas obras citadas possuem a mesma premissa: dinossauros convivendo com seres humanos. Mas é só.

A história de Jurassic Park (o filme) tem as seguintes premissas: Extraíram o DNA de dinossauros de um inseto, reproduziram vários dinossauros, criaram um parque temático em uma ilha, um funcionário rouba tenta roubar a ilha, os visitantes ficam presos na ilha e precisam escapar com vida.

Já em os Senhores dos Dinossauros temos: Tecnologia da idade média, feudos e reinos organizados sob um império, pessoas que montam e usam dinossauros para combates, pessoas que treinam os dinossauros, um reino dissidente, um lorde revoltoso com a cabeça à prêmio, uma princesa refém de suas obrigações.

Bem diferentes hein.

Uma história, uma boa, nasce quando você junta várias premissas que por si são interessantes.

É aí onde entra o quadrinho Suicidas, publicado pela Vertigo e trazido ao Brasil pela Panini.

Possíveis Spoilers Abaixo!

Acabei de ler o Volume 2 essa semana. Diferentemente do primeiro volume, a arte não é a soberba de Lee Bermejo, mesmo artista por trás de Coringa e Lex Luthor: Homem de Aço. Ele apenas faz as capas e duas inserções na história, cujo roteiro é assinado apenas por ele.

A história das duas revistas se passa em uma Los Angeles devastada por um terremoto, o Tremendão. A cidade foi isolada. Sem água, remédio e alimentos, as pessoas sobreviveram da pior forma possível, mas sobreviveram. Dentre os sobreviventes nasceu um novo esporte. Surgido da vontade de morrer. De sair daquele buraco. Por isso os participantes desse esporte, praticamente um circo romano moderno, ficaram conhecidos como suicidas.

Um suicida tem fama e dinheiro. Enquanto se mantiver vivo. E geram muito dinheiro com apostas e transmissões de suas lutas para as grandes corporações. Uma dessas empresas, inclusive, foi a responsável por cercar toda a Los Angeles, que passou a não fazer mais parte dos EUA.

Agora, dado o panorama, vamos às premissas de Suicidas vol. 2:

  • Um suicida aposentado
  • Uma gangue de bairro
  • Uma gravidez na adolescência
  • Um repórter esportivo e uma reportagem polêmica
  • Uma espada
  • Uma reintegração de posse
  • Uma pensão atrasada
  • Um trauma de infância
  • Um canibal.

Se você não viu o canibal chegando, saiba que eu também não.

No fim de tudo, digitando esse texto, percebi uma mensagem bem forte na história que são o que os traumas da infância nos deixam de marcas. Pelo menos 3 personagens são movidos diretamente por fatos tão arrasadores quanto o Tremendão.

Espero que um dia saia um volume 3.

E por fim, como toda regra tem exceção, gostaria de lembrar uma premissa que é universal e eu tenho certeza de que todos conhecem a história a qual ela pertence:

Uma virgem engravida.

Obrigado pela leitura. Nos vemos em breve.

Sobre Deadly Class

Sobre Deadly Class

 

Deadly Class surgiu para mim como uma grata surpresa na GloboPlay, um serviço que eu pago mais do que assisto.

A miniatura da série apareceu na seção de ‘Novidades’ enquanto eu assistia a primeira e excelente temporada de The Handmaids Tale. Não posso dizer que não foi a Maria Gabriela de Faria que chamou a minha atenção.

deadly-class-9-e1553513454860-1024x575
Na TV a imagem deles era de corpo inteiro, não consegui encontrar na internet =(

O poster em si era bem provocador. A cor, as armas, as roupas e feições dos atores. Fiquei com vontade de conhecer esses personagens. Cliquei para assistir vinte minutos do piloto. Assisti completo.

MV5BMTg2OTcyMjEwNV5BMl5BanBnXkFtZTgwNDE5Mzk2NjM@._V1_

Conclui The Handmaids Tale e me dediquei a assistir Deadly Class. Não durou uma semana. E olha que eu demoro muito para assistir série.

Cada personagem me cativou em um nível diferente. Acabei por gostar dos coadjuvantes tanto quanto dos protagonistas. O universo da história é interessante e conta com artifícios narrativos divertidos como animações e música.

Conhecemos Marcus Arguero um morador de rua que é recrutado por uma instituição responsável pela formação dos novos assassinos e demais líderes criminosos do mundo. Daí para frente é o Harry Potter do mal. Apenas com venenos, armas, drogas e agressões no lugar das varinhas.

Uma lição valiosa que a obra me proporcionou foi a maneira como podemos criar personagens assassinos e ainda assim fazer o público se importar com ele.

A forma utilizada é a batida “Usar um vilão pior”. E a série está cheia de vilões, tanto os pessoais — Mestre Lin tem um vilão próprio, assim como Marcus: O Cara de Merda. Chico também não fica atrás no quesito vilão; o namorado abusivo de Maria e rival de Marcus pelo coração da hermosa. Mais para frente ainda temos a entrada de uma organização criminosa inteira, os Soto Vatos, chefiadas pelo pai de Chico.

E todos esses vilões (Chico, Soto Vatos, Cara de Merda) provocam o espectador fazendo duas coisas: Assediando os protagonistas e fazendo coisas piores que os protagonistas. Lembrando que os protagonistas, Marcus, Maria, Saya, Billy e Willie, são assassinos.

Se você acha que matar um mendigo a golpes de cano é ruim, você ainda não viu nada.

Infelizmente a série dos irmãos Russo durou apenas a temporada de estreia. Agora vou investir na compra dos quadrinhos, nada baratos, para o meu desgosto.

O maior destaque da série, para mim, é a belíssima Maria. Provocadora, usa armas legais, tem um outfit regional, e ainda faz maquiagem de calaverita quando vai bancar a assassina. por trás desse papel está a atriz venezuelana Maria Gabriela de Faria. Agora é esperar os novos trabalhos dessa encantadora moça.

Pesquisando pelos anteriores descobri que ela estrelou uma telenovela chamada La Virgen de la Calle. Uma versão de Jane, The Virgin. Não sei quem veio primeiro, mas me impressionou muito a capacidade que essas novelas têm para engrenar remakes. A história da virgem inseminada por engano deve ficar atrás apenas de Beth, a Feia em números de adaptações.

250px-La_virgen_de_la_calle
Não sei por qual motivo a cara dela parece estar photoshopada nesse poster

Se vou assistir a novela? Pra frente que se anda, né gente! Vou esperar as próximas produções dessa estrela latina.

Um beijo a todos. Obrigado pela leitura.

 

Sobre Batwoman

Sobre Batwoman

Se te fez feliz não foi desperdício

Não lembro quando conheci a personagem. A fase mais icônica para mim, porém, vem da época em que eu comprava a revista ‘A Sombra do Batman’, da editora Panini. A revista publicava as aventuras de Kate Kane, prima de Bruce Wayne, sob os roteiros de Greg Rucka e desenhos de J.H. William III.

Greg criou uma personagem cheia de dramas e incertezas. Relacionamentos familiares confusos. Amores turbulentos. Ao contrário do primo, ao menos seus romances era com pessoas do lado certo da lei (as detetives Meg Sawyer e Renée Montoya; Seria Kate uma Maria Distintivo?).

Já dentro de casa a coisa não era tão simples. Kate possuía questões com o pai, ex-general do exército. A própria Kate havia sido expulsa da mesma corporação por sua sexualidade.

A mãe fora assassinada durante um sequestro e sua irmã, Beth Kane, desapareceu por anos, para voltar já adulta na pela de Alice, a Coringa da Batwoman.

A arte de J. H. William III é um espetáculo a parte. Tanto a anatomia e o designe dos personagens (amo o símbolo usado por Alice em suas primeiras aparições) quanto narrativamente. Os enquadramentos, as sangrias, e, acima de tudo, os quadros. Olhar para uma página de Batwoman de J. H. William III é olhar para uma obra de arte. Não apenas da nona arte.

tumblr_inline_pj81a1hdub1t4nm5r_500 (1)-285173181..jpeg
A Llorona passa como um córrego pela página enquanto sufoca Kate, trazendo lembranças à tona.
batwoman_1pg6and7_clr_ashkldjf7-90528695.jpg
Batwoman contra La Llorona. Atentem para a sequência do arpel, iniciando com o close no rosto de Kate.

Infelizmente acabou.

A parceria de Rucka e William III saiu do título da heroína e, ano passado, a própria heroína perdeu sua revistinha de banca.

Tive a oportunidade de acompanhar o final da saga da mulher morcego no encadernado Batwoman Volume 3 da Panini, compilado das edições americanas da 13 à 18.

As quatro primeiras histórias concluem o arco de Coriana e o ano perdido de Kate Kane, marcando o retorno de Alice. Mas foram as duas últimas histórias que me emocionaram.

Eu gosto muito de quadrinhos, eu gosto muito de quadrinhos de super-heróis (um gênero que os adultos costumam dizer que não curtem depois de conhecer quadrinhos indies e europeus). Eu consigo gostar dos dois.

E por esse meu gosto amplo me deparo com histórias como a de Batwoman lutando contra o Rei Relógio (um vilão de quinta categoria, no nível de Batman ’66).

Com a sinopse acima duvido que alguém quereria comprar a revista.

O roteiro de Marguerite Bennet é competente e a arte Fernando Blanco é bonita. A maior sacada da história vai para a forma como Batwoman encara o seu momento atual de vida e como essa história me pegou com as mesmas dúvidas dela.

Regressando depois do chamado ano perdido, Batwoman se pega a pensar se o que ela viveu até aquele momento valeu de alguma coisa, uma vez que não usou aquele tempo para construir nada de concreto.

Me pego como ela. Muitas vezes eu vejo os projetos que eu tenho em mente e rabiscados em cadernos espalhados pela casa: São jogos de tabuleiro; Contos; Ficções curtas; Postagens em blogs; Romances. Tudo abandonado pela metade.

Eu não tenho tempo para dar prosseguimento aos projetos?

Tenho. Também tenho tempo de cozinhar, de lavar roupa, assistir séries de TV, vídeos no YouTube, ler livros, ler quadrinhos, jogar jogos de tabuleiro e de video games. Tenho basicamente 24 horas diárias, iguais a você.

Por vezes eu pensei que estou simplesmente jogando a minha vida fora enquanto me entretenho. Enquanto procrastino a minha vida acontece.

Bobagem.

Isso é viver. Fazer o que se gosta é viver. E eu estava quase tendo uma crise de identidade quando resolvi pegar esse quadrinho de abril/19 e lê-lo.

Abaixo compilo alguns trechos do texto de Marguerite Bennet, com tradução de Dandara Palankoff, como publicados em Batwoman v.3, Panini Brasil, 2019.

É isso o que Kairós nos mostra. ‘O momento oportuno.’ O momento em que se pode agir e alcançar algo grandioso. O momento em que se pode agir e causar algo terrível. O momento em que se pode deixar passar… E nunca saber o que poderia ter sido. “Se me fez melhor, se me fez mudar, se era algo que tinha que ser feito… Não foi desperdício. “Não existe um jeito certo. Digo isso do fundo do meu coração. Não um amor verdadeiro, mas vários amores, muitas mãos que nos formam e nos mudam. “E se vivêssemos a vida sem mudar, que sentido faria o tempo? “Se te faz mais sábia, se te fez feliz, se foi o tempo, era seu, e se aconteceu de fato… Não. Não foi desperdício. “

Os negritos são da edição da revista. O texto abaixo encerra a edição. Alguns recordatórios foram rearranjados por mim para facilitar a compreensão – também foi a forma que eu melhor entendi o texto.

“Esse tempo e esse capítulo acabaram. “Mas ainda há tanta coisa por vir. “Tentei fazer o melhor com aquilo que me foi dado. Tentei fazer a coisa certa. E isso também é Kairós. “O momento da escolha. “Esse momento. Cada momento. “Olho pro meu passado, pro meu futuro e digo o seguinte: “Viva, se puder. É tudo o que lhe peço. “Tudo tem uma estação e vai, a seu tempo, deixá-la. “Não significa que elas não têm importância. “Não ceder aos fantasmas do passado ou aos sonhos do futuro. Travar o bom combate e rezar para que não vire uma guerra. Proteger os inocentes, punir os culpados. Retribuir a compaixão que receber. E se precisar matar, que não houvesse outro jeito. “Viva, que é em si um ato de gratidão pelo dom dessa vida e um ato de resistência àqueles que poderiam tomá-la de você. “Seja melhor, mais gentil. Seja mais na próxima vez. E tente achar a felicidade, se puder. A morte é longa e ninguém sabe se é solitária. “E, quando for a hora de graciosamente renunciar à vida, saber que você foi real, que importou e que você foi amada, mesmo quando falhou. “Você foi e voltou de tão longe. “Teve a sua mão em feitos bons e maus. “Mas você voltou… E vai voltar pra casa… Assim, a cada dia, como resistência, em gratidão, peço o seguinte… Pelo tempo de uma vida… “Não se esqueça de viver.”

Sobre quadrinhos

Sobre quadrinhos

 

Parei o blog tão logo iniciei por motivo de desânimo. Mas não foi desanimo com a falta de visitantes ou curtidas (construa e eles virão) mas por causa de uma doença que se apossou de mim, a febre chikungunya para ser mais exato. Foram três dias de febre intensa e dores nas articulações, mas o pior sintoma,  na minha opinião, é a apatia. Só tinha vontade de ficar deitado, olhando para o nada. Não queria ler, assistir, comer! Mas aos poucos vou recuperando as forças, e hoje vou fazer uma mini resenha sobre três quadrinhos que li esse mês.

Não são resenhas de quadrinhos recentes, até por que na cidade em que moro não recebemos os números e volumes em data hábil para criar conteúdo dentro do hype de grande parte do país.

E quero aproveitar um aspecto pessoal meu: Sou um comprador. Eu vejo uma novidade na prateleira da loja eu compro, só para deixar na prateleira da minha casa.

Enfim, vamos para as

MINI RESENHAS

Assassin’s Creed: Brâman

WP_20160330_11_33_45_Pro_LI (2)

A história segue a mesma linha dos jogos e de A Queda, outra HQ que li: alguma pessoa na era contemporânea utiliza uma interface gráfica para acessar memórias de vidas passadas em busca de Pedaços do Éden, relíquias que eu até hoje não entendi muito bem.

Brâman se passa na Índia, e seus flashbacks vão para o tempo da colonização inglesa no país. Há um imperador, baseado em uma figura histórica, que possui uma pedra mágica -o tal pedaço do Éden, os templários, que querem tirar o cara do poder, e os assassinos, que querem a pedra. Do nosso lado da história vemos um programador que desenvolveu uma forma de conectar com as memórias de DNA que não seja o Ânimus, o que chama a atenção da Abstergo culminando em um ciclo de violência e mortes. O tal TI é noivo de uma atriz de booliwood, mas o romance é secreto para preservar a carreira da moça.

Ciúmes e inveja são os catalisadores dos trágicos acontecimentos, tudo com uma pitada de coincidências e altas confusões.

O ponto forte de Brâman é a arte Karl Kerschl e Cameron Stewart e as cores de John Rauch que deixam a revista com um ar onírico.

O roteiro de Brendan Fletcher, com participação do próprio Karl Kerschl está longe de ser uma obra prima, mas é sensível quando tem de ser, arrematando a história com um final de arrasar o coração. No miolo da revista há decisões preguiçosas, personagens surgem e morrem a cada virada de página.

Uma tristeza: Os direitos de publicação dos quadrinhos encalharam com uma editora que hoje em dia não faz mas nada. Brâman foi o último suspiro de quadrinhos de Assassin’s Creed no Brasil desde 2014.

Nota 3,5 de 5,0

Batman: Xamã

WP_20160330_11_33_24_Pro_LI (2)

A revista começa com uma introdução de três laudas e 12 parágrafos para explicar os porquês de Xamã ser uma revista que não vingou como uma das grandes obras do homem morcego, em resumo, o motivo foi que a DC estava dedicada com o marketing de Batman- O Filme.

Na contra capa lemos que Xamã é um complemento para Batman- Ano Um, mas eu não fazia ideia do que isso poderia significar até ler a revista.

Com roteiro de Dennis O’Neil e arte de Edward Hannigan, a revista nem se parece com uma publicação do início dos anos 90. Já temos os recordatórios substituindo os balões de pensamento, apesar de que em alguns momentos surge um narrador. A arte é fluida e sequencial, bem fácil de acompanhar e o roteiro é OK.

A história que corre em paralelo à Ano Um, e isso é o ouro do roteiro. Vemos um Bruce Wayne tão falho quanto o da revista de Frank Miller. Ele apanha, erra, testa formas de intimidação. Chega até o ponto de vermos ele sair em ação antes de pensar em se vestir de morcego e um novo ângulo da sequência da sineta (“Pai, receio que eu vá morrer esta noite”).

Alfred é o melhor personagem, arrancando boas risadas com seu humor ácido. Mas os vilões são o ponto baixo da aventura, combinados de uma série de lendas, eventos e pessoas tão aleatórios que não fazem sentido nenhum além das páginas de um gibi.

Mas nada apaga o brilho de Xamã:

Nota 5,0 de 5,0

Star Wars Legends: Darth Maul: Lorde Sith

WP_20160330_11_33_15_Pro_LI (2)

Essa foi a revista que eu li mais rápido, entre comprar e ler, deste Mini Resenhas. E foi a maior decepção.

Para começar as páginas da revista vieram inexplicavelmente amassadas. Vai entender. Talvez algum Jedi tenha usado a Força acreditando que este quadrinho era uma relíquia do mal. Enfim.

Numa arte OK vemos Darth Maul caçar os membros do Sol Negro, uma organização criminosa. Destaque positivo para uma personagem irmã da noite, e negativo para: (1) O líder do Sol Negro que parece Ulic Qel-Droma; (2) um capanga que é uma cópia de Quilan Vos; e (3) as lutas de sabre de luz que não tem nenhuma emoção.

O roteiro é tão fedorento, vou nem me dar ao trabalho de citar os autores, que o início da edição é Darth Sidious mostrando à Maul as vantagens de uma nave, num claro esforço de justificar os equipamentos que o Sith usa em Ameaça Fantasma. É ridículo ver o imperador falar de como Maul pode usar a motoquinha que acompanha a tal nave.

Passados dos 70% de revista, temos duas outras aventuras de Darth Maul. Na primeira, com uma arte sofrida para complementar o roteiro arrasado, Darth Vader enfrenta Darth Maul não-sei-onde, não-sei-por-quê a mando de não-sei-quem. E gostaria de continuar sem saber.

E nas últimas 4 páginas da revista um autor, e seu editor igualmente idiota, resolveu que seria interessante criar uma história explicando por quê Darth Maul inventou (HAHAHA!) o sabre de luz duplo. Mas gente, que absurdo. A história foi publicada em 2010. Esses caras não jogaram Knights of the Old Republic? Não Conhecem a mestra Bastila? humpf

Enfim, escolha terrível para gastar dinheiro e tempo.

Nota 0,0 de 5,0

E você, o que achou? Já conhecia algum dos quadrinhos acima? Nós concordamos? Deixe sua opinião nos comentários, adorarei discutir um pouco!
Grande Abraço!

 

Sobre Star Wars

Sobre Star Wars

Começar falando que gostei do filme novo, o VII, com algumas ressalvas que renderão um post num futuro breve.

Mas qual o motivo de meu primeiro post em um blog ser sobre Star Wars? Simples: Por quê esta franquia consome boa parte do meu dia a dia.

Tenho livros, quadrinhos, DVDs, Blu Rays (e não tenho Blu Ray player), jogos, memorabílias, camisetas e cuecas. Colocou o nome Star Wars, eu to comprando. Álbum de figurinhas, cereais, balinhas, tudo que vai para o lixo em menos de um ano. E tenho uma tatuagem também.

Todos os dias eu tenho contato com Star Wars, não apenas pelas peças de roupas que eu uso (ou pela tatuagem), mas por que em algum momento eu paro o que estou fazendo e viajo para uma galáxia muito, muito distante. Seja lendo um livro, um quadrinho ou assistindo um episódio de série (ou discutindo no Twitter com o Izzy Nobre, tentando fazer advogado do diabo para a trilogia prequel).

Hoje mesmo assisti mais um episódio da série Rebels, estou gostando muito, apesar de ser (or)fã(o) de Clone Wars, e de ter torcido o nariz para o design dos personagens na primeira vez que vi sobre a série – que foi quando eu estava de luto por Clone Wars. Ontem eu li uma HQ legends, Lord Sith, uma coletânea sobre o personagem Darth Maul; história fraca, arte regular, nenhum acontecimento marcante, mas hey! é Star Wars! e eu tenho que comprar tudo que tenha este selo.

E por que eu gosto tanto de Star Wars?

A riqueza do universo e as possibilidades infinitas que ele apresenta. Histórias de amor, de guerras, políticas, aventuras bobas sobre meninos chatos super dotados (Isso mesmo Temin, estou falando de você!) cabem no cenário de Star Wars. E a galáxia de há muito tempo é vasta não somente em espaço mas em períodos. Os meus favoritos: (1) A velha republica, onde se passam as aventuras dos antigos cavaleiros Jedi contra os lordes Sith, estes antes da regra de dois de Darth Bane; (2) Legado, era de Darth Krayt e Cade Skywalker, onde há um nova ordem Jedi, além da presença de velhos Jedi com K’kruhk, e um novo império Sith; e (3) a época das Guerras Clônicas, ah! Ahsoka Tano, Cap. Rex, Com. Cody, Com. Wolffe, Fives, Tup, Gregor, entre tantos outros bravos soldados. Como é fácil de notar, boa parte das coisas que eu gostava de Star Wars se tornou mais imaginário do que já era possível quando se tornaram Legends, fazer o que.

Ao iniciar um blog, para manter contato com meus leitores, eu poderia ter tido dificuldade sobre que tipo de assunto abordar primeiro. Séries de TV? Livros? Quadrinhos? Filmes? Videogames? Tudo isso faz de mim o que sou e como eu vim a ser, então por que não iniciar falando de tudo isso ao mesmo tempo? E esse é mais um motivo que me faz gostar tanto de Star Wars: aonde quer que eu vá, sempre posso ligar o hyperdrive mais próximo e voltar para há muito tempo, para uma galáxia muito, muito distante…